quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tu Queres Sono: Despe-te dos Ruídos
 Ana Cristina Cesar


Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono.



"olho muito tempo o corpo de um poema"
 Ana Cristina Cesar


olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas





http://www.releituras.com/anacesar_sono.asp
http://www.releituras.com/anacesar_olho.asp

Um comentário:

  1. um poema pode expressar também a angustia e o desespero que, o poeta esteja querendo trasmitir aos seus leitores. Estes são poemas típicos de autores que viveram em pleno contrito com eles mesmos e com a própria vida

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